Sei que é triste ( e se calhar até há pessoas que acham imaturo), mas eu não sinto os meus sogros como família. Para mim são, simplesmente, os pais do meu marido! Ao fim de 10 anos de namoro e quase 4 de casados, não há forma de os conseguir perceber e de me relacionar com eles. No mínimo vou lá a casa uma vez por semana, mas sinto que entro numa peça de teatro, com o guião já há muito escrito e repetido semanalmente. Não foge nunca do padrão. Há sempre um ar superficial nas conversas, nos cumprimentos, como se estivéssemos todos a fazer de conta. A fazer de conta que eles gostam de mim e eu deles. Eu até gostava que fosse diferente, mas não consigo, não sinto por parte deles algum interesse na minha vida, e acho mesmo que para eles era igual, se o meu marido se casasse comigo ou com outra qualquer. Nunca senti que eles gostassem verdadeiramente de mim. Nunca!!!
Nunca houve discussões, apenas e sempre muito afastamento em tudo o que fazíamos enquanto namorados e casal. Agora nasceu a Helena e noto que eles querem fazer parte da vida dela, não da nossa, mas da dela, ainda que não saibam como.
Hoje o meu marido vai com a nossa filha e com os pais passear de tarde. Se gosto? Não! Não gosto de situações que não consigo controlar, nem imaginar. Porque sei que eles assumem outra postura, menos artificial, quando não estou presente. Deixam-me sair da sala, ir à casa de banho, atender o telefone e falam com o filho. Perguntam umas coisas e pedem outras. O meu marido diz que é a minha imaginação, sei que é para me acalmar.
Com os meus pais, eu sou transparente e eles genuínos com o meu marido, ele sabe perfeitamente, quando algo não agradou lhes agradou. Já com os meus sogros, é sempre o mesmo muro, alto, que nunca consigo passar.
Fico impaciente, impaciente, quando penso no relacionamento que a Helena irá ter com eles. Se for muito chegado, vai obrigar-me a ajustes, se bem que não sei se haverá muitas mais frases no meu guião.
Ps: Só te peço uma coisa, filha, tem a avó T e o avô R, sempre muito mais próximos no teu coração!
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