O tempo nunca mais passa! E custa tanto lidar com isso. Às vezes não consigo deixar de pensar que posso já não estar grávida, que algo vai correr mal. Da outra vez, ia toda alegre com o D. fazer uma eco para ele ouvir o coração do bebé e saí de lá a chorar! Foi um dia que nunca vou esquecer, e ainda hoje me custa passar no HBN. Ninguém nos ensina a lidar com estas situações. Admiro as mulheres que conseguem, mal sabem que estão grávidas, começar a fazer planos, a ver roupinhas e carrinhos, a pensar em nomes... Sei que desta vez estou mais calma e quando começo a entrar naquele nervoso miudinho, só penso que não há nada que possa fazer. Tenho que aceitar que o sucesso desta gravidez, não é algo que possa controlar. Acho que nestes 1ºs meses "a natureza é quem manda" e isso irrita-me profundamente. Se eu quero ser mãe, se tenho capacidade para ter um bebé e se o seu lar vai estar sempre recheado de amor, porque é que tenho que estar dependente do desenrolar correcto deste processo no meu corpo? É como ter o coração nas mãos, alguém pode passar e leva-lo. E não há nada que eu possa fazer!
Da última vez, tinha umas dores, picadas, junto aos ovários/útero. Agora e para já não tenho tido isso. Só mesmo fome! Será que essas dores poderiam ter sido um sinal que algo estava mal? Não sei! Os abortos significam mesmo isto, nada, um conjunto de "não sei", ´com que ninguém se interessa. Ninguém se interessa se não houve sintomas, avisos; ninguém se interessa por dar respostas á mãe sobre a razão; ninguém se interessa por encontrar outras palavras que não sejam "ainda é nova", "isto não é um bebé", "produto", "é normal", "não inviabiliza uma futura gravidez". Li algures que um bebé não é um autocarro, não podemos ficar na paragem á espera do próximo. Nunca esquecemos. Nunca vou esquecer que se tivesse corrido tudo bem estaria a 15 dias de ter o meu filho, isto é, se já não o tivesse nos meus braços!
