Divagações


De tudo o que envolve o nascimento da Helena, o que está a ser mais difícil é o conseguir conciliar opiniões entre mim e o Dinis. Consegui adaptar-me à amamentação, ao acordar de noite, a passar as noites sozinha, a orientar-me de manhã com a bebé ( e a deixar os 3 gatos prontos com comida, água e areia mudada). Estou a conseguir (aos bocadinhos) deixar a minha capa protectora de menina, para vestir uma de mãe. Tento lidar com as oscilações (ou não) de peso, com as neuras hormonais. Procuro fazer a mediação entre a minha mãe (família) e o Dinis. 
Mas, sinto-me a falhar no meu relacionamento. Eu e o Dinis sempre fomos muito diferentes, mas, estas diferenças estão a acentuar-se, agora com a Helena. Eu sempre tive a minha família muito presente, não hã dia que não fale com a minha mãe, antes da Helena nascer ligava à minha avó e tias. Fui sempre muito menininha e talvez um pouco mimada. A minha mãe ficou grávida aos 41 anos e centralizou em mim toda a atenção, tal como as minhas tias solteiras. Nunca tive um comportamento que as deixasse tristes e preocupadas, o meu percurso foi sempre muito linear, escola, faculdade, trabalho, casamento, filha.
Por outro lado, sou muito emotiva, tempestuosa, insatisfeita, sinto a necessidade de explicar as minhas acções ás pessoas de quem gosto e não consigo viver com a sensação de que as posso estar a desiludir. Mudo de opinião facilmente e sou desorganizada. 
O Dinis é muito "terra a terra", objectivo, de ideias fixas. Nunca teve o apoio familiar que eu tive e tenho, e nós os três é que somos a sua família. Aspecto que eu não. Para já, a minha família é a Helena e o Dinis (em termos nucleares), mas também os meus pais, tias e tios (solteiros) e avós.
Se até aqui sempre achei que as nossas diferenças faziam a nossa relação ser mais forte, éramos o meio-termo um do outro; agora acho contrário. Eu gosto tenho uma postura mais descontraída no que toca à Helena, ele confunde isso com não querer saber. Eu gostava que a Helena crescesse livre como eu, a brincar no campo das minhas tias, a imaginar uma casa no "barraco"da lenha, a ver crescer os pintainhos, os coelhos, eu já sei que tudo isto pode significar doenças e infecções, eu sei isso, mas, sei que há o meio termo e com cuidados tudo de pode fazer. Eu fui tão feliz com 30 pessoas nos meus aniversários e natais. Queria que ela também tivesse isso. 
Sinto que estou a ficar desiludida com o meu marido, talvez ele também esteja comigo, noto que a sua paciência não é igual. Há momentos, acções que ficam marcados, como ele não ter deixado o meu pai dar um beijo à Helena quando ela tinha 5 dias, o mau-humor dele quando as pessoas iam visitar a Helena recém-nascida, o não presente para mim, quando ela nasceu (apesar de eu lhe ter pedido vezes sem conta para assinalar o momento) e no meu 1º dia da mãe, o facto de pura e simplesmente se recusar a ir a casa das minhas tias aos domingos (quando durante 4 anos sempre lá fomos religiosamente) por causa de tudo o que a Helena podia e pode apanhar. Há coisas que nos ficam marcadas. Gostava de uma prova de amor, gostava de sentir que ele podia ceder, gostava de o ouvir pedir desculpa e admitir que não é perfeito, e que tentasse ser romântico. 

2 comentários:

  1. Vim parar ao teu blogue por acaso e andando por aqui não posso deixar de te deixar um comentário neste post, especialmente este. Revejo-me a mim e à minha vida em muitas das coisas que partilhas. Historias diferentes, mas com muitos pontos em comum. Namorei 7 anos, terminamos e estivemos afastados durante 5, encontrámo-nos outra vez, namorámos um ano e meio e estamos casados há 3. Tenho um bebé de 13 meses. E estou a chegar à conclusão que somos diferentes de mais para ter uma relação com futuro. Ele casou para constituir família (frase feita que me enerva até à quinta casa). Eu não casei para constituir família. Eu tenho família e amo-a desmesuradamente. A minha ideia era alargar família. Também eu falo com a minha mãe todos os dias. Aliás, a minha situação profissional até me permite estar com ela todos os dias. E não, também não consigo ver os meus sogros como família, porque temos histórias e vidas muito diferentes e simplesmente não encaixam. Tento ir lá com o bebé uma vez por semana, mas não consigo deixar de sentir que é por obrigação...
    E pronto, é isto... Foi bom desabafar. Acho que estava a precisar. Estou como anónima porque já me desabituei da escrita. Tinha um blogue que amava, mas mais ou menos desde a altura em que me casei deixei-o às traças... Por vezes tenho uma vontade urgente de retomar, mas tinha de começar outro, para poder escrever este tipo de coisas que não me apetece partilhar com muitas pessoas que o conhecem. Talvez um dia, por hoje fico-me por aqui.
    Desculpa o desabafo
    Um beijinho
    A

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    1. Olá! Acho que só tem que lidar com os extremos de conceitos de família é que pode perceber! Há dias em que é mesmo complicado, mas nunca consegui concretizar um futuro em que não estivesse com o meu marido! È pena não teres blog... para irmos falando... BJs F.

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